AL AQSA
"Quando eu visitava Jerusalém, tinha o hábito de me dirigir à mesquita al-Aqsa, local de residência dos meus amigos Templários. Havia num dos lados um pequeno oratório onde os Franj (ler "cruzados") tinham instalado uma igreja. Os Templários punham este lugar à minha disposição para eu aí fazer as minhas orações. Certo dia, entrei, disse "Allahu Akbar!" e ia começar a oração quando um homem, um Franj, correu para mim, me agarrou e me virou o rosto para oriente, dizendo-me: "É assim que se reza!". Logo a seguir, alguns Templários acudiram e arredaram-no de mim. Voltei portanto à minha oração, mas o tal homem, aproveitando um momento de desatenção, atirou-se de novo a mim, virou-me o rosto para o oriente, repetindo:"É assim que se reza!". Também desta vez os Templários intervieram, afastaram-no e pediram-me desculpa, dizendo: "É um estrangeiro. Acaba de chegar ao país dos Franj e nunca viu ninguém rezar sem se virar para o oriente." Respondi que já rezara o suficiente e saí, estupefacto com o comportamento daquele demónio que se agastara tanto ao ver-me rezar na direcção de Meca."
Escrito por volta de 1138 pelo cronista Ussamah Ibn Munqidh, em visita a Jerusalém. Citado por Amin Maalouf na obra "As Cruzadas vistas pelos Árabes" (Edifer, pág155 e 156).
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